sábado, 30 de julho de 2011

Internet e temas locais darão tom de eleições municipais em 2012


Apesar da reconhecida força da TV, a internet vai impulsionar a discussão de temas locais nas eleições municipais de 2012, avaliam políticos e marqueteiros que já começaram a estudar estratégias de comunicação para as disputas das prefeituras. Sobretudo, nas grandes cidades, a rede mundial de computadores terá relevância maior no pleito municipal do que teve no nacional, realizado em 2010. A nova classe média, que a cada dia acessa mais a internet, é o principal público-alvo a ser conquistado.

Na avaliação de políticos e marqueteiros, web vai dar projeção aos temas do quotidiano do eleitorado

Na última semana, a reportagem do iG conversou com políticos e marqueteiros que começaram a rascunhar como pretendem conquistar o eleitorado. Apesar da indefinição de nomes e coligações, especialistas em comunicação política já avaliam cenários.

O carioca Felipe Soutello integrou a coordenação da equipe comunicação da campanha de José Serra (PSDB) ao Palácio do Planalto no ano passado. Era ele quem acompanhava o tucano em debates, por exemplo.

Segundo deputado federal mais votado no Estado de São Paulo, Gabriel Chalita é um dos políticos que saíram na frente para tentar se viabilizar como candidato a prefeito da capital. Ele migrou do PSB para o PMDB, partido que sozinho terá o segundo maior tempo de TV no horário eleitoral gratuito.Há cerca de dois meses, Chalita procurou o jornalista baiano Marcelo Simões para contratá-lo como marqueteiro. Integrante da vitoriosa campanha de Luiz Inácio Lula da Silva em 2002, Simões não fechou contrato com o deputado, mas trocou impressões sobre como Chalita poderia se posicionar melhor nesta pré-campanha.

Segundo Soutello, a internet terá um papel mais importante em 2012 do que teve em 2010. Ele avalia a rede mundial de computadores vai servir como caixa de ressonância para discussão dos problemas cotidianos, como trânsito e segurança. “Os norte-americanos começaram a estudar técnicas dos anos 30, 40, quando a comunicação política era feita boca a boca”, disse Soutello. “A internet tem um pouco disso. Tudo é direto. A mobilização é maior”, completou.

A dica principal foi para Chalita discutir mais os temas diretamente ligados à vida do paulistano. No Twitter, o deputado começou a publicar com mais frequência textos sobre o trânsito e segurança pública. Na sexta-feira (22), Chalita escreveu: “Mais de 300 pessoas morreram em acidentes de carro na madrugada de São Paulo em 2010”.

No mês passado, Chalita passou a integrar a Frente Parlamentar Mista de Combate ao Bullying e Outras Formas de Violência. Apesar das novas recomendações, Chalita não abandonou o uso de frases e citações. “Incontinente é aquele que não planeja fazer o erro mas que não pensa nas consequências”, escreveu no Twitter no mesmo dia 22 de julho.

Nova classe média

Um dos alvos das campanhas de 2012 também será a nova classe média. A avaliação é do José Fernandes, que foi contratado pelo DEM para redefinir uma estratégia de comunicação para o partido. “O partido precisa lembrar a população que a nova classe média veio graças à estabilização da moeda, que o DEM, quando era PFL, ajudou a promover”, disse. “Precisamos resgatar bandeiras antigas do partido.”

Em 2010, Fernandes comandou a campanha de José Agripino (DEM) para o Senado. Apesar de ter sido um líder de oposição ao governo Lula nos últimos oito anos, ele conseguiu se reeleger. Hoje Agripino é presidente do DEM. “No Rio Grande do Norte, Agripino é popular, resolveu muitos problemas quando foi prefeito e governador nos anos 80 e 90”, disse. “Conseguimos convencer o eleitor que, em Brasília, ele é importante para defender o Estado”, completou.

Efeito Lula, Aécio...

Seja no governo ou na oposição não há quem negue a importância de Lula na eleição da presidentaDilma Rousseff em 2010. No entanto, já se sabe que, apesar da disposição do ex-presidente, na eleição municipal seu peso político como cabo eleitoral de luxo tende a ser menor do que numa disputa nacional.

A maior prova disso foi a eleição de 2008, quando diversos candidatos apostaram na força de Lula para vencer. Os casos clássicos são os da Prefeitura de São Paulo, quando Gilberto Kassab (DEM) bateu a petista Marta Suplicy (PT), e de Natal, quando Micarla Sousa (do PV, mas apoiada pelo DEM) superou a também petista Fátima Bezerra.