domingo, 27 de fevereiro de 2011

Caiu do cavalo


José Augusto Longo da Silva

Para construir esse monumento que é a Igreja de Santo Antonio, o Padre Levy Rodrigues se valia de todos os meios para arrecadar dinheiro. Fazia rifas, bingos, cotizava as pessoas e até vaquejada promovia.
Dessas coletas, contam-se muitas coisas, inclusive algumas criadas pela imaginação fértil e gozadora dos patoenses.
Num programa que apresentava na Rádio Espinharas, Levy enaltecia as pessoas que colaboravam com a sua obra e metia o pau em quem se negava ajudar. Muitas vezes fazia graça e o seu linguajar aberto e irreverente, em várias ocasiões chegou a irritar o Bispo Dom Expedito, que por mais que o aconselhasse não conseguia segurar a língua do seu comandado.
À propósito desse programa ( e isso eu não garanto que tenha acontecido) ele teria dito:
- A minha mãe Mariana, mandou cem para a construção da Igreja; meu irmão Vítor mandou cinqüenta, para a construção da Igreja. O safado do meu irmão Zezito veio às escondidas e carregou os cento e cinqüenta, para tomar de cachaça.
As suas vaquejadas eram bem divulgadas e festivas, e muita gente da região comparecia. O forró, as barracas de bebidas, enfim, tudo que uma vaquejada tem direito, lá estava à disposição. Certa vez, criticado pelos excessos cometidos numa dessa festas, Levy se defendeu pelo Rádio:
- E quem já viu vaquejada sem cachaça e puta?...
E foi numa dessas vaquejadas que Zé Delfino montando um fagueiro alazão, logo que o boi arrancou, o cavalo desembestou, jogando o cavaleiro em cima da cerca de arame farpado, já fora da pista. O tombo foi feio. O pobre do Zé ficou lá estirado, com as mãos às costas, o que fez com que todos corressem em seu socorro.
Ao se aproximar, o Dr. Zé Tota, que além de médico é chegado a uma derriba de boi, vendo-o caído, foi logo gritando:
- Tragam um carro depressa, temos que levar Zé Delfino imediatamente para o Hospital.
Ouvindo isso, Delfino, em tom choroso implora:
- Não, doutor, eu não preciso de médico não. Do que estou precisando é de um alfaiate. Rasguei o fundo da calça e pra azar meu, estou sem cueca.


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