segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Aplausos para o vale-cultura


A aprovação do valecultura, no ultimo dia 16 de outubro, pelo plenário da Câmara dos Deputados, foi elogiada pela classe artística e também por entidades que representam a indústria e o comércio.
— Talvez seja a iniciativa mais importante do governo Lula para a cultura — disse Eduardo Barata, presidente da Associação de Produtores de Teatro do Rio (APTR). — É quase como um novo fomento.
Talvez seja a possibilidade de se libertar dos patrocínios e viver da bilheteria.

A decisão favorável também teve a aprovação de Mariza Leão, que produziu filmes como “Meu nome não é Johnny”. — É espetacular. Se a ponta da produção recebe incentivos, a do consumo deve merecêlos também — diz ela, esperando que o vale-cultura motive o setor a investir também na ponta da distribuição, aumentando o número de salas de cinema, teatros, casas de espetáculo e livrarias.

O ex-ministro da Cultura Gilberto Gil tocou no mesmo ponto: — O papel do subsídio à produção é importante, mas também devemos subsidiar o consumo, o que o vale-cultura vai fazer.
Artistas e produtores esperam a chegada de um público hoje alijado do mercado consumidor cultural.

— O vale-cultura é muitíssimo importante porque vai dar a um público carente a possibilidade de ele selecionar o que quer ver e fazer. Dá livre-arbítrio para ele escolher. Isso é mais democrático — observa o ator e produtor Marco Nanini. — E possibilitará a formação de plateia.

O produtor Luiz Carlos Barreto diz a vitória é “motivo de regozijo”, mas critica ao valor do vale, de R$ 50 mensais: — Considerávamos, e o próprio Lula concordava, esse limite muito baixo. O presidente disse que ia pedir o aumento desse teto. E achamos que deveria ser eliminada essa contribuição, por parte do trabalhador, de até 10% do valor do vale.

Para Claudia Ramalho, gerente de Cultura do Sesi — braço social da Confederação Nacional do Comércio (CNI) —, o programa é importante por transferir recursos públicos para o acesso à cultura. — Acredito que a iniciativa dará uma guinada importante na política cultural do país, colocando a cultura como necessidade básica. Para as empresas, além do incentivo fiscal, é também um caminho para que muitas invistam em cultura — disse Claudia, acrescentando que o valor de R$ 50 é razoável para o começo do projeto.

O diretor-executivo da Fecomercio-SP, Antonio Carlos Borges, acha o projeto eficaz e diz que ele trará efeitos para produtores culturais, trabalhadores — garantindo acesso à cultura por pessoas cuja renda não permite gastos com atividades culturais —, e empresas.

A gerente de Cultura e Arte do Sistema Firjan, Fabiana Scherer, disse que o mais importante é tornar a iniciativa um meio de acesso à cultura por parte da população, e não apenas um instrumento burocrático: — Nossa contribuição será dar suporte às empresas para que esse acesso seja garantido da melhor maneira. O importante é não tornar a ação unicamente burocrática, e sim garantir o acesso à cultura por meio desse instrumento.

Andrea Alves, da produtora Sarau, concorda: — Vai atingir outro público, que a gente está procurando. Vamos renovar plateia, trazer a outra fatia de público que normalmente não tem acesso.
E não é só a porção mais baixa da pirâmide social que vai se beneficiar. — Possibilita para a população de classe média voltar a frequentar as salas de teatro — diz Barata, da APTR.

Para o músico Jacques Morelenbaum, toda a sociedade ganha: — Ao permitir que trabalhadores tenham mais acesso à cultura, vamos contribuir para o crescimento das pessoas, aprimorar a mão de obra do país.
O músico João Donato elogia a chance de que mais brasileiros possam consumir cultura, mas faz uma ressalva: — Tem que se criar um esquema de valorização da cultura brasileira, se não vão pegar esses vales e continuar indo aos shows de sertanejo, axé...

A cantora Joyce citou os Titãs: — A gente não quer só comida, quer comida, diversão e arte!